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      Milei enviou carta para Lula

      A chanceler da Argentina, Diana Mondino, entregou a missiva do presidente Milei ao colega brasileiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.

      Milei enviou carta para Lula Os chanceleres da Argentina e do Brasil durante entrevista à imprensa no Itamaraty. (Foto: Xinhua/Lucio Tavora).

      Diana Mondino desembarcou domingo (14) em Brasília com vários objetivos: um deles era o de amenizar as fortes divergências e a falta de relacionamento entre Javier Milei e Luiz Inácio Lula da Silva. A chanceler também procura alimentar o vínculo com o Brasil, principal parceiro comercial da Argentina, com combustível político e econômico.

      Na carta do presidente Milei, que a chanceler entregou ao ministro Mauro Vieira, destaca-se a centralidade da relação entre a Argentina e o Brasil. Horas antes, em conferência de imprensa com o ministro, no âmbito de uma visita considerada “muito boa” pelas partes, Mondino disse que a possibilidade de um encontro entre os dois presidentes “está sempre presente” e destacou que “em algum momento pode ocorrer".

      Na terça-feira (16), Mondino esteve em São Paulo, com empresários, com uma extensa agenda bilateral que, – conforme acordado com Vieira – avança apesar das fortes diferenças ideológicas entre os dois governos. A ministra viajou acompanhada do secretário de Relações Econômicas Internacionais, Marcelo Cima, e do subsecretário de Assuntos Americanos, Mariano Vergara.

      “As relações argentino-brasileiras são marcadas pela intensidade dos fluxos de investimento e comércio; intercâmbio de grande número de turistas e estudantes; e cooperação em setores estratégicos como defesa, segurança, energia convencional e nuclear, ciência, tecnologia e inovação”, disse o Itamaraty.

      No encontro com jornalistas e Vieira, Mondino foi questionada sobre a possibilidade de uma reunião presidencial. “A possibilidade de um encontro entre o presidente Milei e o presidente Lula está sempre presente, claro. Levamos em conta a agenda internacional de ambos, que é bastante complexa, mas sim, em algum momento esperamos que isso possa acontecer”, declarou.

      “A principal mensagem que eu gostaria de passar neste momento é a certeza que temos da relevância do Brasil para a Argentina. A nossa relação bilateral tornou-se uma verdadeira política de Estado”, observou Mondino.

      A ministra falou também sobre a participação do Brasil na construção da segunda fase do gasoduto Vaca Muerta, que começa na Patagônia argentina e chegará à fronteira brasileira. Mas não há definições porque o governo argentino suspendeu grande parte das obras públicas.

      “Os usuários estão no Brasil, a produção está na Argentina”, portanto “há um alinhamento de interesses”, disse Mondino, e afirmou que se trata de “um tema altamente complexo” que “é discutido e tem avançado em várias frentes”.

      O Itamaraty informou em comunicado que Mondino ratificou, em um encontro com o vice-presidente brasileiro Geraldo Alckmin, que "a Argentina considera o Brasil um parceiro estratégico e um país irmão, e que a união entre os dois povos, por meio de profundos laços culturais e sociais que têm raízes históricas, vai além dos governos ocasionais de ambas as nações".

      Segundo nota do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, chefiado por Mauro Vieira, “os ministros conversaram sobre a melhoria da infraestrutura de fronteira, a cooperação na área de energia e defesa, o fortalecimento da hidrovia navegável Paraguai-Paraná e a integração dos dois países”.

      “Os ministros decidiram continuar as negociações para regular os pontos de passagem das fronteiras de forma coordenada e assim otimizar o seu funcionamento. Além disso, Mondino manifestou o interesse argentino em estabelecer um mecanismo bilateral específico para o diálogo permanente e a cooperação bilateral em questões fluviais que permita uma melhor utilização dos recursos hídricos compartilhados", informou, por sua vez, a pasta de Mondino.

      Os diplomatas discutiram também a grande complementaridade que existe entre os recursos gasíferos dos dois países e as necessidades dos setores produtivos do Brasil.

      Também fizeram parte da pauta a cooperação logística e científica na Antártida, os usos pacíficos da energia e da tecnologia nuclear, a cooperação espacial, a modernização do Mercosul e a integração regional.


      Sobre la firma

      Natasha Niebieskikwiat
      Natasha Niebieskikwiat

      Redactora especialista en política exterior natashan@clarin.com

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